Daniel Barreto Daniel Barreto

TEMPO, UMA QUESTÃO DE PERSPECTIVA.

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No ritmo acelerado que costumamos levar a vida descobri que precisamos fazer muito mais do que administrar o tempo para conseguir parar um pouco e ter momentos de lazer e interiorização. 

Em seu livro “Arte de Viver” Roman Krznaric, historiador da cultura e membro docente fundador da The School of Life de Londres, apresenta algumas ideias que venho utilizando e que tem me ajudado a resistir à tirania do relógio que agora divido com você.

Primeiramente mudei meu modo de falar sobre o tempo. É importante nos darmos conta de que o conceito de tempo é estruturado por metáforas, por isso, tomei consciência da maneira sutil como elas operavam sobre minha mente. Uma das metáforas mais correntes na vida de todos nós é a do tempo como mercadoria: gastar tempo, comprar tempo. Outra é a do tempo como posse: dar um minuto do seu tempo. Com esse conhecimento busquei então reconhecer como usava essas metáforas, submetendo-as a um exame minucioso e fazendo experimentos com outras. Fui cada dia mais virando um detetive das metáforas segundo as quais eu vivia, observando quando usava expressões como “fazer o tempo render” ou “poupar tempo”, e passei a perguntar a mim mesmo se elas eram de fato apropriadas. Percebi assim que falar simplesmente “usufruir” o tempo corresponderia melhor aos meus desejos e elevei meu nível de consciência metafórica. 

Fui me rendendo cada vez mais as ideias de Krznaric ao colocá-las em prática e ver que mudavam a minha vida. Passei a celebrar a lentidão habitual e me questionar “porque me parecia tão difícil ir mais devagar”. Cheguei à conclusão que, como a maioria das pessoas eu era impelido pelo medo. Uma explicação mais profunda é que eu tinha medo de que uma pausa mais prolongada me desse tempo para perceber que minha vida não era tão significativa e satisfatória quanto eu gostaria. Assim, tomei algumas medidas práticas e mais radicais para desacelerar a vida, como por exemplo, deixar de usar relógio, adotar um ritmo mais suave no modo de sorver o mundo, passar a comer devagar e reduzir o número de compromissos. A melhor maneira que descobri para ter mais tempo e apreciar a vida ao máximo, sem sombra de dúvida, foi planejar menos atividades. 

Busquei também aprender com culturas alternativas do tempo. Como continuava a propor Krznaric em sua obra, observei que a cultura ocidental é dominada por uma noção linear do tempo, a flecha do tempo que vem do passado, atravessa o presente e ruma ao futuro. Situado nesse caminho, me preocupava com o que aconteceu ontem e com o que acontecerá amanhã, e tinha uma clara incapacidade de me localizar no presente, de experimentar o agora. Assim procurei me guiar pelo tempo balinês, falado por ele, que se divide basicamente em dois tipos: dias cheios e dias vazios. Nesse sistema, a passagem linear do tempo é mitigada, e o tempo se torna mais pontual que contínuo. Adotei também o pensamento cíclico sobre o tempo ensinado no yoga e na meditação, que consiste em escapar do tempo, abandonando o passado e o futuro para viver completamente no presente. 

Assim, para finalizar minha aventura sobre o tempo, as ferramentas mais poderosas que encontrei para estar no mundo de forma diferente foi desfrutando diariamente da prática da meditação e do yoga, além de mergulhar de cabeça em uma perspectiva de longo prazo, me libertando do hábito de pensar em curto prazo e reconsiderando o significado do presente.

〰 por André Tavares 

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CO-CRIANDO UM MUNDO MELHOR

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Mercado livre, individualismo e competição, esse é o mundo em que vivemos. 
A internet encurtou as distancias e nos isolou atrás de telas, números e algoritmos. 
A inteligência artificial está cada vez mais presente em nossas vidas e cada vez ela ocupará mais espaço em nosso dia-a-dia. Pensar em uma máquina te direcionando, te fornecendo informações "seletivas” que te influenciam diretamente na forma de enxergar o mundo, nos segregando por números!! Como deixamos isso acontecer?
Maquiavel já dizia, “Atire a primeira pedra quem não tiver telhado de vidro".
Sim, todos nós temos falhas, somos humanos, e é a nossa humanidade que precisa ser resgatada! É uma questão de sanidade, de manter o controle sobre essa nova dinâmica cyber que dita nosso comportamento sem nos darmos conta.
Estamos cada dia mais apáticos, egoístas, insensíveis e indiferentes às necessidades do outro, repudiamos a opinião alheia, desprezamos o coletivo em prol de manter a resistência ao que acreditamos. Sim, porque a cada dia, a tal da inteligência artificial nos fornece mais e mais a mesma face da moeda, que nos faz acreditar que a nossa verdade é suprema. Que mundo louco, não é?! Enquanto eu só recebo informações de A, você só recebe de B, e fulano de C, não conseguimos enxergar de forma ampla…. isso cria o caos e a discórdia. Alguma semelhança com o panorama separatista e de medo que vivemos hoje não é nenhuma coincidência. 
É o resultado de se deixar levar pelo mundo externo, material e agora, artificial. Nesta correria desenfreada e competitiva, esquecemos de olhar para dentro, silenciar, questionar e investigar o que os "fatos”nos apresentam. Acessar nossa humanidade, nossas diferenças e perceber que apesar de parecermos tão diferentes, sujeitos a fatores socioculturais, somos todos iguais, nascemos e morremos sós, e o caminho a ser percorrido neste meio tempo é uma questão de escolhas que nos levam a aprender e sustentar o percurso.

O percurso não é fácil, é o repertório da vida que nos direciona.
Foi pensando em tudo isso que resolvi escrever este artigo sobre Empatia, espero que seja válido para repensarmos nossas atitudes e começarmos o ano trazendo para cada um de nós a responsabilidade de co-criar um mundo de entendimento e identificação com o próximo.
É necessário começar a mudança em nós. É assim que vamos conseguir transformar e transmutar essa energia de medo e que ronda nosso planeta no sentimento de amor, união e paz.

Roman Kznaric, filósofo australiano, fundador do The School of Life, em Londres acaba de lançar o livro “Empatia, um livro para a Revolução" e acaba de participar da concepção da exposição que está este mes em São Paulo  “Caminhando em seus sapatos…” é um exemplo incrível, um primeiro estímulo para tocar o coração das pessoas e fazer se colocar no lugar do outro e refletir.

Ahhh ok, então sim, eu entendo, não é difícil! 
Mas…. se eu fosse ele, teria feito diferente!

Pois é, geralmente caímos no erro do julgamento. Não se esqueça que a perspectiva do outro, seu repertório de vida e o meio em que vive é exatamente o que nos torna diferentes em nossa semelhança. 
Compartilhar o sentimento alheio e se colocar sob a perspectiva do outro, criar essa empatia é fundamental, mas nunca seremos o outro. Outro erro que cometemos é criar essa empatia pelos menos favorecidos, rotulando e mascarando o preconceito. É a nossa mente egóica sempre tentando nossos posicionar, neste caso trazendo a sentimento de poder, superioridade e afastamento. 
Não! Isso não é empatia, atenção.
A empatia precisa ser desenvolvida e praticada, é um exercício diário. Por isso precisamos tanto de yoga e meditação. É o autoconhecimento que nos torna pessoas melhores, mais justas e sensíveis.
Um dos primeiros aforismos do Yoga Sutras de Patañjali, “Yoga Citta Vritti Nirodha", já nos mostra que são as flutuações da mente, nossos pensamentos incessantes que nos afastam de nós mesmos. O medo inconsciente, raiz do sofrimento humano permeia nossas escolhas e julgamentos. O yoga nos traz essa quietude metal para podermos escolher os pensamentos que realmente nos representam e assim conseguirmos criar um mundo que seja nosso reflexo. 
Sim, a visão do mundo é uma perspectiva; se a sua perspectiva é positiva, cheia de boas intenções e humildade seu mundo refletirá essa leveza.
Por isso dizem que o céu e o inferno são aqui na terra, eles são uma criação da nossa mente fértil!
Mas então, o que fazer pra viver no paraíso????
Cultivando os pensamentos positivos e afastando os pensamentos negativos que não fazem parte do mundo que queremos para nós.
Os vrittis saudáveis, como cita B.K.S.Iyengar no livro “Luz na Vida”, Maitri, Karuna, Mudita e Upeksa devem ser cultivados para nossa própria evolução. São propriedades de cura e saúde da consciência.
Resumindo, cultivar amizades com pessoas felizes; cultivar a compaixão por aqueles que estão tristes; alegria pelos virtuosos e neutralidade contra aqueles que são cheios de vícios nos movem em direção a uma vibração energética que suavizam o caminho e diminuem os obstáculos. 
Te convido a começar o ano trazendo uma nova perspectiva para a vida, cheia de luz, amor e altruísmo.

Que o ano seja iluminado para todos nós ✨

Namaste

“ Asato ma sad gamaya
Tamaso ma jyotir gamaya
Mrtyorma amritam gamaya
Om Shanti Shanti Shanti ” 


(conduza-me do irreal ao real, da escuridão para a luz, da morte para a imortalidade)

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FELICIDADE EM F L O R E S E R

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Pare e faça uma breve retrospectiva pessoal. Como foi a sua vida no ano que está prestes a terminar? Algo motivou profundamente as suas ações? Tenho observado uma característica em comum em todas as pessoas que considero verdadeiramente felizes: Todas elas são... Elas mesmas! Muito mais do que autenticidade elas se conhecem de verdade e expressam a sua essência.

Talvez a felicidade não esteja no trabalho dos sonhos, no amor verdadeiro ou mesmo na vida próspera tão sonhada por muitos. Descobrir quem você é de verdade e expressar isso pro mundo pode ser a chave para a felicidade.

Então como chegar lá? Meditar e fazer yoga pode ser um grande primeiro passo. Mas fique atento, pois viver bem com certeza não é superar-se em todos os fatores da vida. É certamente aprender a valorizar seus pontos fortes. 

Aprenda a não valorizar demais suas emoções positivas. Elas são impermanentes como tudo na vida; Se envolva tão completamente em uma atividade a ponto de perder a noção do tempo. Cerque-se de pessoas. Esse talvez seja o ponto principal para conhecer melhor a si mesmo e a vida; Dedique-se a uma causa maior do que si próprio.

Tente algo novo. Escolha um desafio que você vai gostar de perseguir. Tenha metas. Continue sempre curioso. Saboreie os momentos da vida e tome consciência de como se sente. Refletir sobre suas experiências vai te ajudar a descobrir o que realmente importa e garantir que você viva o presente. 

Por fim, busque equilibrar a interiorização que o yoga e a meditação vão lhe proporcionar com uma atitude mais outrospectiva em relação à vida. Para se autoconhecer busque sair de si e descobrir como outras pessoas pensam, vivem, e veem o mundo. Um 2018 de novas descobertas pra você!

por André Tavares

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MAHÁSHIVARÁTRI _ SILÊNCIO, RITUAIS E DEVOÇÃO

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No Shivapurána diz que a noite anterior ao dia da lua nova é dedicada ao Senhor Shiva, essa noite é conhecida como Shivarátri, "A Noite de Shiva". Uma vez ao ano, no décimo quarto dia da quinzena da lua minguante entre os meses de fevereiro e março acontece o Maháshivarátri, uma noite e um dia inteiros dedicados a Shiva, dia de rituais, asceticismo e práticas espirituais. É também o dia que sannyásis, mestres espirituais e renunciantes são iniciados.                                                          

Shiva é o asceta, dissolve a criação para o aparecimento de outra, remove a ignorância dando lugar ao conhecimento. Domina as disciplinas físicas e mentais. Geralmente simbolizado em profunda meditação, envolto a serpentes que simbolizam o ego, o ahamkára que em nada o atingem, afinal ele tem o conhecimento do Eu real, ilimitado. As cinzas representam a queima da ignorância e da ilusão, em suas mãos, o tridente, Trishula, símbolo do poder, cura e proteção, na outra mão o Damaru, tambor de onde partem os primeiros sons da criação.

Durante o auspicioso dia do Maháshivarátri, os devotos tomam um banho ritual, de preferência no Ganges, jejuam e cultivam o silêncio. Acreditam fortemente que é o dia de perdoar as pessoas de seus erros e karmas negativos liberando-se do ciclo de nascimento e morte, Samsâra.

O Maháshivarátri é a ocasião auspiciosa para alcançarmos paz de espírito, êxito nas nossas devoções, prosperidade e abundância plena e absoluta em nossas vidas, removendo a ignorância e conquistando a libertação. Prepare-se, faça aquela revisão mental, converse com o coração, medite e aproveite a energia para tornar-se mais leve, consciente e presente. 

"OM NAMAH SHIVAYA" 

 -- Oferendas e seus simbolismos --

Leite, para bênçãos da pureza e abundância; Iogurte para prosperidade e fertilidade; Mel para a fala; Ghee para vitória; Açúcar para felicidade.                                                  

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M E D I T A Ç Ã O _ ABRA SEU CORAÇÃO E SUA MENTE PARA INFINITAS POSSIBILIDADES

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Quando o assunto é meditação muita gente vai logo dizendo, isso não é pra mim!

Palavras como meditação , mindfulness e zen geralmente intimidam, logo direcionamos para o outro o desafio.

Se este é seu caso, antes de continuar, comprometa-se a manter a mente aberta!

Em dias agitados e tempo sempre contado, achar um espaço para momentos de tranquilidade e paz é uma questão de disciplina e comprometimento; aceitar que a vida não vai deixar de te cobrar tempo e que tudo é uma questão de escolha. A opção por momentos de paz e a busca do equilíbrio é uma questão de sanidade.

A meditação é o caminho natural para o estado de presença, é o estado de yoga no dia a dia. A ansiedade a respeito do que deve acontecer durante a meditação, a sensação, o “pensar em nada” atrapalha a meditação por si mesma. 

“ Meditar é estar em contato consigo, percebendo seus sentimentos, pensamentos e emoções.”

Comece com a intenção de focar sua atenção na respiração, conte a respiração no seu fluxo natural e lentamente vá aprofundando os ciclos, relaxe o corpo, os batimentos cardíacos diminuem e a mente vai se acalmando. 

Comece com 5 minutos e aumente o tempo gradativamente.

Escolha um lugar tranquilo e crie a disciplina diária para construir uma prática consistente.

Antes de começar, algumas longas inspirações e profundas expirações.

Não se force a pensar em nada, pode ser frustrante, apenas observe os pensamentos. Mantenha o foco na respiração e permita-se relaxar. 

Não se apegue a regras; posição, horário, local.... o mais importante é manter-se na prática. De olhos abertos fitando um objeto, o horizonte ou a parede, ou de olhos fechados, escolha o que for mais confortável a princípio, seja paciente e não se cobre.

Tudo é uma questão de tempo!

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